Gestão EmpresarialPlanejamento

O que fazer quando minha empresa está no vermelho?

1K views
Nenhum comentário

O que fazer quando minha empresa está no vermelho? Esta é a pergunta de muitos empreendedores que operam constantemente seus negócios com o caixa furado. Frequentemente eles recorrem à linhas de crédito emergenciais ou cheque especial do banco, o que compromete a saúde financeira da sua empresa.

O grande problema de permanecer nessa condição por muito tempo é que os juros desses empréstimos são caros e vão corroer toda a margem de lucro do negócio.

Se este é o problema que você está enfrentando, queremos te ajudar elencando 4 razões comuns que levam as empresas ao vermelho e quais as soluções para sair dessas situações.

1. A empresa está no vermelho por causa da desorganização

Pior que isso pode ser verdade! Muita gente paga juros por ser desorganizado. Muitas empresas não têm os controles financeiros básicos, que são: controles de caixa e bancos, contas a pagar, contas a receber, fluxo de caixa e demonstração do resultado. Sem esses controles, não é possível estabelecer uma rotina de pagamentos ou de tesouraria. Como você pode saber o que e quando poderá pagar, de onde e quando virá o dinheiro para isso, se não tem essas informações à mão, e de forma confiável?

Se você não tem um financeiro organizado, minha sugestão é que você resolva esse problema o mais rápido possível, porque os controles financeiros são a base para qualquer gestão financeira de qualidade.

2. A empresa está no vermelho porque seu capital de giro é insuficiente

Muitas pessoas começam um negócio sem fazer qualquer tipo de planejamento, seja por meio de uma análise de viabilidade, seja por meio do desenvolvimento de um plano de negócios. Dessa forma, não levam em consideração o valor necessário à título de capital de giro para começar suas atividades. Sem saber essa informação, logo nos primeiros meses de operação, essas empresas já entram na bola de neve dos pequenos empréstimos.

A dica nesse caso do que fazer para a empresa sair do vermelho, é fazer o cálculo da necessidade de capital de giro, antes mesmo de começar as operações. Mas, se você já está com seu negócio funcionando, essa dica também vale para você. Tire um tempo e faça o cálculo da sua necessidade de capital de giro. Não deixe para depois.

Então, conhecendo sua real necessidade, busque fontes baratas de capital de giro, evitando que você entre nos caros empréstimos emergenciais, muitas vezes disponibilizados pelo seu banco antes mesmo de você solicitar.

Se você quer saber mais sobre Capital de Giro, veja aqui.

3. A empresa está no vermelho por causa do descasamento entre o contas a pagar e o contas a receber

Esse é outro problema muito comum que leva o caixa da empresa ao vermelho. Para saber se seu negócio está operando com descasamento entre o contas a pagar e o contas a receber, ou se você ainda não tem esse problema, mas está prestes a enfrenta-lo, você terá que analisar o seu controle de fluxo de caixa (referido no item 1). Se você ainda não tem esse controle, infelizmente não tem como apurar esse descasamento com clareza.

Mas do que se trata afinal esse descasamento entre o contas a pagar e o contas a receber? Quando vendemos, normalmente damos prazo aos nossos clientes. Quando compramos mercadorias ou matéria prima, pagamos funcionários e outras despesas, recebemos prazo de nossos fornecedores.

O que acontece é que muitas vezes o prazo que recebemos dos nossos clientes é maior do que o prazo que temos para pagar nossos fornecedores. Ou seja, temos que primeiro pagar nossas obrigações antes de receber dos clientes? Esse é o descasamento entre contas a pagar e contas a receber que estou me referindo.

Eu não tenho esse problema

Aí você me diz: “Eu não tenho esse problema, porque eu dou 30 dias para meu cliente me pagar e também tenho 30 dias para pagar meu fornecedor. Então, está tudo certo, não há descasamento, já que os prazos são iguais”.

Entretanto, sinto muito em ter que te alertar que está havendo sim o descasamento. Pense comigo:

Antes de vender para seu cliente, você tem que comprar a mercadoria (se você for um comércio) ou a matéria prima (se você for uma indústria). Então, à partir desse momento, o seu prazo para pagamento de 30 dias já começou a contar. O cronômetro já foi acionado.

Depois disso, se você for um comércio, vai precisar de um tempo para colocar a mercadoria na prateleira, oferecer o produto ao cliente e, então, concretizar a venda. Se você for uma pequena indústria, também precisará de tempo para produzir, disponibilizá-lo para venda e concretizar a venda. Em ambos os casos (comércio ou indústria), somente a partir da concretização da venda que o prazo de 30 dias que você dá ao seu cliente começará a contar.

Perceba que o prazo de 30 dias que você tem para pagar suas contas vencerá antes do prazo de 30 dias que você deu para seu cliente te pagar. Eis ai o descasamento que leva sua empresa a operar no vermelho!

Por isso que falei que você precisa do controle de fluxo de caixa para ter uma visão detalhada de como está esse descasamento. Não dá para confiar apenas nos cálculos “de cabeça”. Será necessário fazer isso, caso contrário grande será o risco de a empresa permanecer no vermelho.

A realidade dos pequenos negócios

Minha experiência mostra que infelizmente a realidade de muitos pequenos negócios é bem pior do que esse exemplo. É muito comum os empreendedores comprarem mercadorias com prazo de pagamento de 30 dias e vender para seus clientes em 6 ou até 10 vezes sem juros. Não tem como uma empresa deixar de operar no vermelho assim. Imagina o estrago que isso faz na saúde financeira dela!

Além disso, veja que estou considerando no exemplo apenas as contas a pagar relacionadas `a compra de mercadoria ou matéria prima. Mas, na prática, nesse tempo entre a compra e a sua venda, outras contas a pagar vencem, como aluguel, impostos, funcionários, telefone, etc., o que torna o problema ainda mais grave. De onde virá o dinheiro para pagar tudo isso?

Infelizmente, muitos empreendedores só se dão conta desse problema quando as contas começam a se acumular e não há dinheiro disponível para pagá-las. Daí recorrem ao primeiro empréstimo que estiver disponível, que normalmente são os mais caros, com juros exorbitantes.

Não julgo e nem culpo esses empreendedores por fazer isso, porque, quando a corda está no pescoço e o banquinho que sustenta o corpo começa a bambear, não tem como pensar duas vezes antes aceitar qualquer solução que apareça na nossa frente, mesmo que não seja das melhores.

Soluções para o descasamento

Por isso é tão importante planejar e saber antecipadamente se você terá esse descasamento entre o contas a pagar e a receber, bem como sua real necessidade de capital de giro.

Assim, você poderá pensar em soluções mais eficientes do que se utilizar de empréstimos caros. Se você tempo para se planejar, antes de ter o problema, você poderá renegociar prazos com fornecedores, adequar seus prazos de recebimento de clientes, tomar ações de venda, como promoções que estimulam a compra com

prazos mais curtos, buscar empréstimos de capital de giro que sejam mais baratos, etc. São muitas as opções, mas todas dependem de planejamento prévio.

4. A empresa está no vermelho por errar no cálculo do preço de venda

Um outro ponto que pode acabar com o caixa da empresa, é vender o produto com preço abaixo do que o adequado à sua realidade.

É muito comum a formação de preço ser feita apenas aplicando um fator de 2 ou 3 vezes sobre o valor de aquisição da mercadoria. Esse fator, na maioria das vezes, é apenas um “chute” ou uma prática comum do mercado, sem o mínimo de ciência envolvida. Ou seja, ninguém sabe dizer por que aplica aquele fator. Simplesmente fazem isso porque o concorrente também faz.

Mas será que, fazendo assim, o valor de venda vai contemplar todos os custos fixos e variáveis da empresa? Ou seja, será que com minhas vendas, terei condições de pagar todos os custos e despesas da empresa e ainda obter lucro?

Se você é um desses que apenas “chuta” (vamos ser mais elegantes: se você apenas “estima”) o valor de venda e não sabe como calculá-lo corretamente, cuidado! Você pode estar consumindo todas as suas reservas de caixa, e ainda no final poderá ter um baita prejuízo. Se esse for o seu caso, seu negócio pode estar com os dias contados. Mas calma, tudo pode ser revertido, mas você tem que agir rápido.

Calcule adequadamente os preços de venda

A minha dica então é que você faça os cálculos do preço de venda de forma correta e técnica. Se você não sabe, tem uma forma adequada de fazer isso.

Se depois de calcular corretamente, você descobrir que seu preço de venda de fato não cobre seus custos e não te gera lucro, você pode corrigir o problema tomando algumas dessas medidas:

· Tente aumentar o volume das vendas, ganhando por escala.

· Reveja seu mix de produtos, buscando outras alternativas com uma possibilidade de margem mais vantajosa. Talvez você chegue a conclusão que não vale a pena vender determinado produto.

· Renegocie preços e prazos com seus fornecedores atuais e/ou veja se existem outros fornecedores que ofereçam preços e prazos melhores.

Espero ter ajudado, se gostou deixa um comentário para a gente. Se tiver alguma dúvida ou algum conteúdo que deseja ver aqui, pode deixar registrado também.


Se você ainda não é empreendedor, clique aqui e aprenda mais sobre o MEI – Micro Empreendedor Individual.


Você gostaria de montar o seu próprio negócio, mas não tem ideia do que fazer? Podemos te ajudar com isso. Baixe aqui o nosso ebook gratuito Ideia de Negócio: Como Identificar Oportunidades para Empreender.

Tags: Fluxo de Caixa

Artigos Relacionados

Você precisa fazer o login para publicar um comentário.